AsBEA Meet reúne especialistas para discutir inovação e futuro da construção civil em Curitiba

A Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura do Paraná (AsBEA-PR) realizou a primeira edição do AsBEA Meet neste sábado (29), na sede da Pinó, em Curitiba, em parceria com HAUS e Let’s Arch. Os profissionais convidados participaram de uma programação intensiva sobre inovação como meio de desenvolvimento no setor. O evento contou com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PR), Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Sebrae-PR e patrocínio da Office Flex Móveis.

Cenários macroeconômicos e perspectiva para a construção civil

O economista Gilmar Lourenço, ex-presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), abriu a manhã com a palestra “Cenários econômicos e perspectivas para a construção civil”, na qual recapitulou a evolução macroeconômica global e brasileira nos últimos dez anos e apontou previsões para o mercado de incorporadoras e grandes obras. “Os setores de infraestrutura estão otimistas com os próximos anos. Precisamos nos preparar para o futuro: a população brasileira está envelhecendo e em breve as obras públicas necessárias serão mais hospitais que escolas”, vaticinou.

Para isso, Lourenço aponta a necessidade de a sociedade civil organizada pressionar o Congresso para passar reformas administrativa, financeira e tributária, e a necessidade de rever o principal modal de transportes de carga e pessoas, substituindo parte das rodovias por ferrovias, portos e aeroportos.

Lourenço reforça que o Paraná está em boa posição e hoje é um dos estados com melhores taxas de emprego e renda do país. “O Paraná foi gradativamente se transformando na quarta economia brasileira. Hoje a renda média é 12% acima da brasileira, e a renda média em Curitiba é 15% acima da paranaense”, pontua o economista. “Para o Paraná seguir crescendo, ele depende da expansão nacional. Os próximos anos serão definitivos para investir em infraestrutura física, científica e tecnológica”, enumera.

Inovação em um estúdio de arquitetura

Fernando Vidal, do Perkins + Will, apresentou parte da metodologia, processos e mudanças de perspectivas que o escritório encarou desde o início da integração com um grupo global que reúne 28 escritórios do mundo todo, em 2010. Sua fala sobre “Inovação em um estúdio de arquitetura” exemplificou que inovações nem sempre são grandes mudanças tecnológicas: o posicionamento na comunicação com o cliente é uma das mais significativas que Vidal apresentou.

“Inovar e crescer passa por uma quebra de paradigma para os escritórios de arquitetura: focar na sucessão do escritório e abrir mão de um grande nome que assinaria todos os projetos”, observou. Essa descentralização de uma figura preponderante permitiria montar equipes mais variadas de acordo com o projeto e assumir mais desafios. “Ao nos juntarmos com parceiros que detêm conhecimentos que não temos, nós crescemos em aprendizado e participamos de projetos que de outra maneira, estaríamos de fora”, afirma.

Por fim, Vidal enfatizou a importância de apresentar a equipe envolvida como um fator que agrega valor ao projeto. “Inove na maneira de se relacionar com o cliente e apresente senioridade, experiências e especialização da equipe envolvida. Dê mais atenção à definição dos programas para construir um projeto mais assertivo diante das necessidades do cliente e não apenas o que ele quer. Isto também entra no orçamento”, diz.

Futuro da moradia e vanguarda do mercado imobiliário

Após um intervalo para almoço, foi a vez de Alexandre Frankel, da Housi, apresentar cinco macrotendências em moradia e as soluções da empresa para transformar prédios analógicos em empreendimentos inteligentes. Sob o título “Futuro da moradia e vanguarda do mercado imobiliário”, Alexandre discorreu sobre as inovações que a Housi apresentou nos últimos anos, como os apartamentos compactos de 40m2 a 10m2 lançados na cidade de São Paulo como uma proposta para diminuir o tempo no trânsito.

No entanto, com a ressignificação da relação com a casa que a pandemia causou, a proposta também mudou. Se antes as áreas comuns dos condomínios eram importantes para os moradores de compactos, como lavanderia, salão de festa e área externa, o período de isolamento social e o pós-pandemia reforçaram a necessidade de ter conveniência e acesso facilitado a serviços.

É onde entram os condomínios “smart”, com a integração de pontos de venda e serviços nas áreas comuns do condomínio interligados a um aplicativo disponível apenas para os moradores. Além de gerar receita para a administradora do condomínio e gerar descontos no boleto mensal para os condôminos que usam os serviços, a digitalização e integração destes serviços geram dados importantes para guiar novos investimentos e adequações no mix de serviços.

“82% dos millenials [pessoas nascidas entre 1981 a 1995] preferem o uso à posse, e procuram por flexibilidade na hora de escolher onde morar: poder morar em qualquer lugar, a qualquer tempo”, revelou Frankel ao enumerar duas das cinco tendências que apresentou. Nos próximos anos, 15 milhões de pessoas entrarão no mercado imobiliário, em uma realidade em que o home office aumentou a permanência dentro de casa – de 19 horas por dia contra 12 horas diárias, segundo média de 2019 – e também o consumo, que cresceu 500% em delivery de produtos, comida, assinatura de serviços digitais como streamings, prática de exercícios em casa, entre outros.

BIM para interiores

A palestra final do AsBEA Meet foi de Bianca Palazzo, BIM manager, vice-presidente do Sinduscon-PR e diretora-executiva da Lavitta Engenharia Civil. Bianca apresentou possibilidades de uso de Building Information Modeling (BIM) para interiores, seguida de uma exposição sobre a colaboração entre o CAU-PR e o Sinduscon-PR na criação de um grupo de trabalho para auxiliar na implementação e contratação de BIM para escritórios de arquitetura. Um manual de uso será lançado pelas entidades em agosto.

O sistema BIM é uma modelagem das informações da edificação em várias dimensões, que contemplam desde a estrutura aos mínimos detalhes do projeto de interiores, como luminária, tipo de janela a ser instalada e suas especificações. “A ferramenta pode ser usada de acordo com o projeto e necessidade do escritório: planejamento, operação, estudo de viabilidade e análises, como simulação de entrada de luz natural, entre outras”, apontou.

O uso do BIM descentraliza a tecnologia de modelagem e permite uma criação em conjunto. A quantidade de detalhes que esse tipo de projeção concentra facilita o acesso a informações técnicas da obra por outros parceiros, bem como evita retrabalho e garante maior precisão do projeto.

Fonte da matéria: Gazeta do Povo, escrito por Content Store, especial para HAUS.

AsBEA Meet em Curitiba

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